Calor espalha fogos pelo país

Calor espalha fogos pelo país

inferno Dois helicópteros para dezenas de incêndios”Forno” passa do interior para o litoral 

8June 2005

publishedby jn.sapo.pt


Foi mais um dia a suar em bica. E com o coberto florestal muito seco, os incêndios continuaram a lavrar por todo o país, em alguns casos intensamente (ver textos nas páginas seguintes). Populações em pânico, casas ameaçadas e escolas evacuadas – o cenário de inferno de anos anteriores repetiu-se. À hora do fecho desta edição, seis fogos estavam ainda por circunscrever. Para combater as dezenas de fogos, estiveram apenas disponíveis dois helicópteros (um deles teve uma avaria no balde durante a manhã e foi obrigado a aterrar de emergência, por volta das 20h, em Montemor-o-Velho, com uma avaria no rotor, quando regressava à base, em Santa Comba Dão).

No Parlamento, o ministro da Administração Interna, António Costa, emresposta ao deputado social-democrata e membro da Liga de Bombeiros Jaime Soares,negou alguma vez ter avançado com a data de 15 de Maio para a chegada de maismeios aéreos, no que foi secundado pelo Serviço Nacional de Bombeiros e ProtecçãoCivil. “Este ano o país terá que enfrentar a ameaça dos incêndios comos meios existentes”, afirmou o ministro, referindo-se ao cumprimento doscontratos deixados pelo anterior Executivo.

O “forno” do interior estendeu-se para o litoral, como estava previsto.A máxima mais elevada coube a Santarém, onde se registaram 41 graus. O númerode distritos em alerta laranja passou a oito, já ao fim da tarde, enquantotodos os restantes passaram a alerta amarelo. A previsão do Instituto deMeteorologia (IM) para hoje é a de continuação do tempo quente, que se deverámanter até sexta-feira. Segundo José Duarte, meteorologista do IM, em trêslocalidades já se registava uma onda de calor (seis dias seguidos detemperaturas mais altas em cinco graus do que a média das máximas em anosanteriores) Portalegre, Castelo Branco e Amareleja.

No interior centro e Alentejo, o mercúrio nos termómetros continuou a registartemperaturas acima dos 35 graus. No litoral, um vento forte de Sudeste arrastoupara essas regiões o calor do interior, fazendo elevar as temperaturas. Foi ocaso, por exemplo, do Porto e Ovar, onde se registaram, ontem, mais cinco e oitograus, respectivamente.

Viana do Castelo, Braga, Leiria, Lisboa, Santarém, Portalegre, Évora e Setúbalforam os oito distritos onde foi declarado, já ao fim da tarde, o alertalaranja (que corresponde a uma situação meteorológica de risco moderado aelevado).

Verão difícil

Com o coberto florestal mais seco do que nunca ebaixas reservas de água, há muito se ouvem os alertas de que este será um Verãodifícil no que diz respeito a fogos florestais. Se olharmos para o balanço dosprimeiros cinco meses deste ano, constata-se que os oito mil fogos resgistadospela Direcção-Geral de Recursos Florestais consumiram cerca de dez milhectares de floresta, o que representa um “acréscimo muito significativo”face à média dos últimos cinco anos.

Foi a pensar nas dificuldades acrescidas para este ano que o Governo antecipoupara o passado dia 15 de Maio a chamada “época de fogos”, mas que nãotem tradução na disponibilidade de meios, particularmente aéreos. Apenas estãooperacionais dois helicópteros, embora Ferreira do Amaral, director-geral daAutoridade Nacional de Incêndios Florestais 2005, garanta que amanhã estarãodisponíveis “três ou quatro” dos ligeiros contratados. De resto, sóa partir de dia 16 começam a operar os aviões “Dromadair”, ao passoque dia 1 de Julho são esperados os restantes helicópteros ligeiros. Nestadata, entre helicópteros e aviões, haverá 49 meios aéreos. O concurso dospesados foi anulado por se considerarem inadequados num ano em que as reservasde água são baixas, o que se traduz em alterações obrigatórias ao modelo defuncionamento das brigadas helitransportadas. Quando foram formadas, previa-seque funcionassem em equipas de 14, mas com a mudança de meios aéreos terão deser reajustadas em grupos mais pequenos.

Ferreira do Amaral admite que se está longe de preparar o sistema paraminimizar os impactos dos fogos, faltando a aposta na prevenção. “Nãopodemos viver a pensar que os fogos são quatro meses e acabou. Deve haver acçõesde prevenção, que não foram feitas, nos outros oito meses do ano”.


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